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Docentes da Unifesp rejeitam proposta do governo e greve continua

Aumento de até 45% em três anos alardeado pelo governo atingiria apenas 10% da categoria. Salário de parte dos docentes perderia poder de compra até 2015. A avaliação geral é de que proposta não atende reivindicações dos professores e não enfrenta reestruturação com valorização da carreira, principal pauta da greve.

A Assembleia Geral dos Docentes da Unifesp, ocorrida no final da manhã de hoje, 17 de julho, rejeitou a proposta apresentada pelo governo à categoria e aprovou a continuidade da greve, que já dura dois meses. A decisão segue a recomendação do Comando Nacional de Greve do ANDES-SN, que no final de semana já tinha orientado as assembleias nas universidades a rejeitarem o acordo. Entre os pouco mais de cem docentes que participaram da plenária, ninguém votou pela aceitação da proposta e houve apenas uma abstenção.

O descontentamento dos docentes mostrou-se generalizado na assembleia. A proposta apresentada pelo governo como “irrecusável” e com estardalhaço nos meios de comunicação foi debatida e nenhuma das falas do plenário defendeu a aceitação da mesma. Até pontos que supostamente incorporariam reivindicações do ANDES-SN, como a divisão da carreira em 13 níveis e a inclusão do cargo de professor titular à estrutura da carreira, acabaram criticadas pela forma com que foram incorporadas. Segundo a proposta, o número de titulares seria limitado a 20% da categoria, impedindo que os demais professores atingissem o topo da carreira.

A avaliação geral é de que a proposta não enfrenta a questão da reestruturação da carreira – a principal reivindicação da greve – e mesmo a valorização salarial contida nela seria bastante limitada. O governo alardeou um aumento salarial de até 45% nos próximos três anos, mas não disse que apenas 10% da categoria – os professores titulares – seria beneficiada. Os demais docentes teriam um aumento mais modesto e uma parte considerável teria um salário com poder de compra até menor em 2015, já que a inflação do período pode chegar a 35%. Outro ponto rechaçado foi a inclusão do aumento de 4% conquistado no acordo de 2011 nos valores da proposta.

Um dos pontos mais criticados pelos docentes foi o não atendimento da reivindicação histórica de que o contracheque seja composto apenas por um vencimento básico valorizado. A Retribuição por Titulação (RT) seria mantida e continuaria a representar a maior parte dos salários dos professores, sendo que os aumentos anunciados não incidiriam sobre o valor de tal gratificação.

Outro ponto questionado na proposta é a implantação de um modelo centralizado de avaliação do desempenho docente, que desrespeitaria a autonomia universitária, além da pluralidade e das especificidades de cada campo do conhecimento. Tal avaliação fixaria uma “nota” mínima para que o docente alcance o nível seguinte da carreira.

Os docentes criticaram também o fato de o governo não ter aberto negociações com os servidores técnico-administrativos das universidades federais, em greve desde o dia 11 de junho. Alguns professores destacaram que as negociações devem também levar em conta demandas dos servidores e dos estudantes, buscando a melhoria das condições de educação e trabalho nas instituições.

Entre as assembleias docentes que já rejeitaram a proposta do governo estão UFABC, UFC, UFF, UFRGS, UFPEL, UFG, UFMG, UFLA, UFV, UFU, UFERSA e UFPI. Até o final dessa semana todas as instituições em greve devem realizar assembleias para deliberar sobre o tema. Não há notícia de que alguma plenária tenha aceito a proposta do governo.

Esta semana serão realizas assembleias nos campi da Unifesp para apresentar a proposta do governo e uma nova Assembleia Geral foi marcada para a próxima sexta-feira (20), com o intuito de debater os próximos passos da greve. Além disso, para o mesmo dia, foi marcada uma reunião com parlamentares do Estado de São Paulo, para pedir que intercedam junto ao governo para a continuidade das negociações, já que os ministros da Educação e do Planejamento afirmaram aos meios de comunicação que não teriam “margem” para atender as demais reivindicações dos professores. Ainda na sexta será realizada uma coletiva de imprensa para explicar as razões da rejeição da proposta e da continuidade da greve. A próxima reunião entre o governo e representantes dos docentes acontece na próxima segunda-feira (23).

Confira aqui as fotos da Assembleia Geral.

Fonte: www.adunifesp.org.br

Assembleia dos docentes da Unifesp debate proposta apresentada pelo governo nesta terça (17)

Após quase dois meses do início da greve, o governo finalmente apresentou uma proposta aos professores das universidades e institutos federais. A Adunifesp realiza uma Assembleia Geral dos docentes da Instituição na próxima terça-feira (17), às 11 horas, com o intuito de debater e avaliar a proposta. A plenária acontece no Anfiteatro A, do campus São Paulo da Unifesp (Rua Botucatu, 740, subsolo).

Na última quinta-feira (12), o Ministério do Planejamento surpreendeu ao convocar representantes dos professores para uma reunião no dia seguinte. Enquanto o ANDES-SN e outras entidades discutiam a proposta com dirigentes do governo, os ministros Miriam Belchior e Aloizio Mercadante concediam entrevista coletiva à imprensa tentando convencer que aquela era uma proposta era irrecusável.

O Comando Nacional de Greve dos docentes, reunido em Brasília durante o final de semana, entretanto, já se posicionou pela continuidade da greve e a não aceitação da proposta. Uma análise apurada do documento apresentado pelo governo foi produzida e deve ser discutida junto com a proposta em assembleias que serão realizadas durante esta semana em mais de cinquenta universidades federais em greve.

Abaixo segue a avaliação produzida pelo Comando Nacional de Greve:

https://docs.google.com/file/d/0Bzz4VZkJH1bscElSZXhsd1dmNVU/view?pli=1&sle=true

Assembleia Geral dos Docentes da Unifesp

Quando: Terça-feira (17), às 11 horas

Onde: Anfiteatro A, do campus São Paulo da Unifesp (Rua Botucatu, 740, subsolo)

Pauta: Apresentação e discussão da proposta apresentada pelo governo à categoria docente

Assembleia Geral dos docentes da Unifesp discute continuidade da greve nesta sexta 06/07/2012

Os docentes da Universidade Federal de São Paulo realizam uma Assembleia Geral nesta sexta-feira (06) com o intuito de discutir a continuidade da greve da categoria.
Os professores reivindicam uma reestruturação que valorize suas carreiras, uma das mais desprestigiadas dentro do serviço público federal. A plenária acontece no Anfiteatro A, do campus São Paulo, a partir das 11 horas.
A greve das universidades federais já dura quase cinquenta dias e paralisa a quase totalidade das instituições em todo o país. Estudantes e servidores técnico-administrativos também deflagraram greves em dezenas de universidades e vem realizando mobilizações em conjunto com os professores. Até o momento o governo federal não apresentou nenhuma proposta concreta aos docentes.
Na última quinta-feira (28), representantes dos docentes, servidores e estudantes da Unifesp, UFABC e UFSCar realizaram uma manifestação em frente a sede do Banco Central, na avenida Paulista, reivindicando abertura imediata das negociações e mudanças na política econômica para uma valorização de fato da educação pública e do serviço público. Manifestações parecidas aconteceram em várias capitais do Brasil, inclusive em Brasília, envolvendo também outras categorias de servidores, muitas em greve.

Sugestões de providências durante e depois da greve

Artigo da Subcomissão de Comunicação do Comando de Greve da Unifesp Diadema

 O momento de enfrentar os desafios postos pela decisão democraticamente constituída de deflagrar e sustentar uma greve exige tanto dedicação e esforço quanto cuidados e precauções.

Dedicação e esforço no sentido de

  • compreender o sentido de participar de um processo democrático em plena ebulição ativado pela circunstância de uma greve;
  • constituir um lugar de fala que seja legítimo e esteja ajustado às dimensões públicas e democráticas instauradas pela greve;
  • assimilar a prática de procedimentos que sejam solidários com as necessidades de solucionar e/ou atenuar as dificuldades e os desequilíbrios que a greve revela e contra os quais luta no tecido das relações, institucionais e pessoais;
  • entender que não há possibilidade de estar “fora” da greve;
  • assumir as responsabilidades e os compromissos diante de todos os encaminhamentos elaborados coletivamente;
  • manifestar-se, pois temos todos o poder de expressão garantido em todos os fóruns legítima e democraticamente constituídos.

 

Cuidados e precauções no sentido de

  • nos unirmos no momento em que a necessidade de defender uma educação de qualidade exige nossa intervenção;
  • cultivar e manter relações de respeito, tolerância e colaboração com todos os envolvidos;
  • identificar a necessidade de expressão e participar da constituição do lugar legítimo de sua manifestação;
  • não permitir o agravamento das circunstâncias acarretado por desinformação, boatos e falsificações;
  • nos mantermos bem informados e conscientes de que a situação nova que a greve gera é uma oportunidade para compreender melhor as forças políticas envolvidas no campo da educação;
  • ter clareza de que as soluções dependem sobretudo de ação conjunta colaborativa e esclarecida.

 

Assim será possível preservar as boas relações profissionais e ideológicas que nos unem no verdadeiro espírito universitário que deve reger a construção de uma universidade pública, gratuita e de qualidade para todos.

 

Assembleia Professores EFLCH – 05/07

Caros(as) professores(as),

Convocamos para esta quinta-feira, dia 05/07, às 10h, nossa Assembleia Geral dos Docentes da EFLCH, no campus Guarulhos, sala ainda a definir.

Teremos uma sessão de informes gerais e propomos dois pontos de pauta:

1- Encaminhamentos da Greve Nacional;
2- Situação do campus Guarulhos / pauta local.

Acreditamos que uma ampla discussão a respeito da Greve Nacional, do campus Guarulhos e das questões que nos movem como docentes da EFLCH será fundamental para um avanço democrático e transparente de nossa situação.

Aproveitamos para divulgar o novo blog do movimento docente da UNIFESP, que traz informes atualizados sobre a Greve Nacional, com participação de todos os nossos campi:

Cordialmente,

Comitê de Greve dos docentes da EFLCH

Uma tremenda e inadmissível falta de Educação

Artigo da Comissão de Comunicação do Comando de Greve de Diadema/Unifesp

 

“Nenhum teste de sociedade justa é tão claro e decisivo como a sua propensão em tributar para desenvolver e sustentar um forte sistema educacional para todos os seus cidadãos.”
[John K. Galbraith, A sociedade justa: uma perspectiva humana, p.83]

Todos os que trabalham e se interessam pela construção da universidade pública universal, gratuita e de qualidade sabem que vivemos hoje sob uma política de desqualificação sistemática da atividade docente proveniente, por um lado, pela opção política de manter um superávit primário com vistas ao pagamento dos juros da dívida pública e, por outro, pela incompetência administrativa do governo para com os assuntos da educação.

Desde 2011, foram feitas insistentes propostas ao Ministério da Educação de revisão do plano de carreira dos docentes das Universidades Públicas Federais, de exigências de cumprimentos dos acordos e prazos para realização de obras de infraestrutura e de constituição de equipes de estudos e discussão para consolidar com qualidade a expansão do ensino superior federal. Todas as propostas foram invariavelmente desprezadas pelo governo, o que nos levou a instaurar, democraticamente, o processo de deflagração da greve nacional como meio de sensibilização e envolvimento de todos diante de tão emergencial situação. E, como vemos, a adesão é quase total: 56 das 59 universidades federais estão em greve. Docentes, estudantes e funcionários já formam comitês unificados de reivindicação em quase todos os estados do Brasil.

Para nós, a greve além de legítimo instrumento de mobilização e reivindicação, é importante ocasião de educação política, de organização das categorias envolvidas no trabalho universitário e de constituição de reflexão crítica coletiva sobre as relações entre educação, sociedade e políticas de Estado.

A greve representa hoje um regime de exceção dentro de outro. É, por isso, uma oportunidade para compreender a conformação que resulta na atual política educacional. A excepcionalidade que a greve instaura permite modificar o ponto de vista a partir do qual nos vemos em permanente atrelamento durante a vigência da chamada “normalidade”. Essa espécie de abalo permite que se ofereçam as condições para pensar de outro modo o curso dos acontecimentos, inclusive as forças que os determinam e as que resultam em consequências. E disso sobressaem, inclusive, os sentidos políticos que erigem como “natural” o que na verdade é “escolha”, portanto, construção interessada e orientada por preferências e decisões, dentre outras, de natureza política.

Nosso problema (de todos) tem sido que essa construção do real se pauta por e se caracteriza como um estado de exceção permanente, e se constitui como o paradigma dominante para os governos na política contemporânea. Que outro motivo seria tão determinante do desrespeito sistemático dos direitos humanos em tão variadas e amplas esferas? Que outra razão explicaria que os seres humanos (quando não considerados como meros consumidores) tenham se tornado um estorvo em muitos projetos, sejam mercantis, científicos ou políticos?

É disso que se está falando quando se torna “natural” passar a responsabilidade total pela carreira dos docentes, por exemplo, ao departamento financeiro da União. É disso que se trata quando vamos nos acostumando com a precariedade como dado “normal” na Educação brasileira. É contra isso que nos manifestamos quando mudamos o rumo dos acontecimentos instaurando um processo democrático, social e político de reflexão sobre uma ordem que gera incessantemente descalabros e aprofunda cada vez mais o que de pior se produziu em matéria de política e de educação na história.

A circunstância que deixa pessoalmente muitos docentes indignados, seja pela carência ou inexistência de suas bibliotecas, de seus laboratórios, de suas salas de aula, das instalações, enfim, de seus campi constitui-se como um momento no sistema conjunto de uma cultura que desqualifica toda a Educação e, em particular, todo o trabalho docente, cultura na qual, segundo Adorno, “o professor se converte lenta, mas inexoravelmente, em vendedor de conhecimentos, despertando até compaixão por não conseguir aproveitar melhor seus conhecimentos em benefício de sua situação material.”

No entanto, isso deve servir para que cada um, individualmente, compreenda que para além das mazelas imediatas que nos cercam há questões de fundo a determinarem todas essas precariedades, e a ocasião da greve representa o momento oportuno de enxergamos um pouco mais adiante no sentido dessa radicalidade que poderá, se nos mantivermos unidos, constituir uma experiência engrandecedora de luta coletiva e um verdadeiro e inédito avanço das forças educacionais na ainda triste história deste país.

Nosso apelo, por isso, é no sentido de união, tanto dos docentes quanto de estudantes e técnicos administrativos, de ampliação e aprofundamento do debate, de estudo das propostas e das alternativas, de esclarecimento dos eixos de reivindicação e da consolidação dos canais que têm permitido a formação de uma atmosfera intelectual crítica de atenção para com os meandros decisórios que resultam nas políticas de Estado para a educação e para a universidade no Brasil.

Unifesp e Ufabc: ato na Bovespa

Ato dos Professores em Greve da Unifesp e Ufabc diante da Bovespa – 12 de junho de 2012

 

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