Ministério do Planejamento se reúne com docentes nesta sexta-feira

Último encontro aconteceu no dia 12 de junho; professores reivindicam reestruturação de plano de carreira

O Ministério do Planejamento se reunirá na tarde desta sexta-feira, 13, com os representantes sindicais dos docentes das instituições federais. O Estadão.edu já havia adiantado que o encontro aconteceria ainda neste mês, conforme desejo do governo.

A greve dos docentes das instituições federais começou no dia 17 de maio com a adesão de entidades filiadas ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN ). Nesta sexta, a paralisação completa 57 dias, com a adesão de pelo menos 56 das 59 universidades federais são afetadas pela paralisação, além de 36 institutos de educação básica, profissional e tecnológica. Servidores técnico-administrativos e estudantes também estão em greve.

A última reunião entre representantes sindicais e o Ministério do Planejamento aconteceu em 12 de junho, quando o governo pediu 20 dias de trégua aos professores das federais, que negaram o pedido. Na ocasião, foi também marcado um novo encontro para o dia 19 do mesmo mês. Este, no entanto, foi adiado sem qualquer justificativa.

A principal reivindicação do movimento grevista é a reestruturação da carreira docente e, justamente por esta razão, as negociações são feitas com o Planejamento. Pela proposta do governo, rejeitada pelos professores, eles precisariam passar por 16 níveis para chegar ao topo da carreira e ainda prestar um novo concurso para ser tornar titular. A Andes, por sua vez, pede que o plano de carreira tenha 13 níveis, sendo que, para chegar a titular, o professor não necessitaria de novo concurso. O salário inicial, além disso, seria algo entre R$ 7 e 8 mil.

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,ministerio-do-planejamento-se-reune-com-docentes-nesta-sexta-feira,899409,0.htm

Cavalos de Netuno (1892), de Walter Crane

 

Nesta tela a óleo de Walter Crane (1845-1915), pintor e militante do Partido Socialista Britânico, a força natural das ondas é figurada no galope monumental de cavalos de guerra. Sugestão de leitura: o prólogo de Walter Crane a Socialism and Art, de 1907, disponível neste site:

http://www.wcml.org.uk/contents/creativity-and-culture/art/walter-crane/socialism-and-art-forward-by-walter-crane/?keyword1=walter+crane&keyword2=

Marinalva Oliveira: Crise internacional não justifica precariedade nas universidades federais

por Luiz Carlos Azenha

A presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES), Marinalva Silva Oliveira, disse ao Viomundo que a crise econômica internacional não pode ser usada pelo governo Dilma como argumento para deixar de atender as reivindicações de professores e estudantes das instituições públicas federais de ensino que estão em greve.

A paralisação de professores e técnicos começou em 17 de maio, em torno de duas reinvidicações básicas: a reestruturação das carreiras, com piso salarial de R$ 2.300 e melhorias na infraestrutura. Na primeira reunião entre grevistas e representantes do Ministério da Educação, em 12 de junho, segundo Marinalva o governo pediu trégua, mas não ofereceu “nada objetivo, nada preciso”.

Fatos: houve grande expansão das universidades federais, com o número de estudantes saltando de 653 mil em 2008 para 850 mil em 2010.

O orçamento para investimento e custeio também cresceu, de R$ 3,9 bilhões em 2008 para R$ 7,7 bilhões em 2012.

Ainda assim, na avaliação da presidente do ANDES, “foi uma expansão precarizada”.

Ela afirma que os problemas se acentuaram desde o início do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

Diz que os salários atuais não são capazes de atrair bons quadros para dar aulas em universidades federais.

Marinalva, que é doutora, professora em dedicação exclusiva e associada 2 — faltam apenas 4 anos para chegar ao topo de carreira — ganha 8 mil reais liquidos.

“Se você comparar com outras carreiras do Executivo, é um dos [salários] mais baixos. Nós que formamos os mestres, os doutores, fazemos pesquisas”, afirma.

Sobre a adesão dos estudantes ao movimento — de mais de 40 universidades –, ela atribui isso à má qualidade da infraestrutura:

“Nós temos turmas superlotadas, chega a 80 alunos numa sala de aula”.

 Alunos reclamam da falta de laboratórios, restaurantes, creches e professores.

As bolsas de trabalho para estudantes que substituem técnicos administrativos, segundo Marinalva, “são irrisórias”.

Os professores são forçados a buscar financiamento para pesquisas muitas vezes em “entes privados, ameaçando nossa autonomia intelectual”.

O ANDES defende a expansão das universidades federais, “mas com qualidade”.

Sobre a crise internacional, Marinalva argumenta que há dinheiro, por exemplo, para as obras da Copa do Mundo. Alega também que o governo não vê problemas em dar isenção fiscal a empresários e lembra o caso da dívida tributária das universidades particulares, que atingiu R$ 17 bilhões. Uma proposta de renegociação daria a elas o direito de pagar 90% em bolsas de estudos e os outros 10% em 15 anos.

Quanto às negociações, a presidente do Andes diz: “Temos interesse em encerrar essa greve, mas desde que o governo nos receba, analise nossa proposta”.

Marinalva Oliveira: Crise internacional não justifica precariedade nas universidades federais

O que quebrará o País?

Por Vladimir Safatle

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou nos últimos dias que a elevação dos gastos com a educação ao patamar de 10% do Orçamento nacional poderia quebrar o País. Sua colocação vem em má hora. Ele deveria dizer, ao contrário, que a perpetuação dos gastos em educação no nível atual quebrará a Nação.

Alunos de universidades públicas de todo país se reúnem em frente ao Museu Nacional da República para reivindicar uma audiência o ministro da Educação, Aloizio Mercadante. Foto: Agência Brasil

Neste exato momento, o Brasil assiste a praticamente todas as universidades federais em greve. Uma greve que não pede apenas melhores salários para o quadro de professores e funcionários, mas investimentos mais rápidos em infraestrutura. Com a expansão do ensino universitário federal, as demandas de recurso serão cada vez mais crescentes e necessárias. Isto se quisermos ficar apenas no âmbito das universidades públicas.

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Greve de docentes atrapalhou negociação, afirma Mercadante

FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

O ministro Aloizio Mercadante (Educação) voltou a criticar nesta terça-feira a greve dos docentes, e afirmou que a paralisação atrapalhou as negociações entre governo e a categoria.

“Se nós não tivéssemos tido esse processo [de greve], acho que teríamos concluído essa negociação. (…) Já poderíamos ter avançado muito se não tivesse tido esse impasse”, afirmou em audiência no Senado Federal. O ministro voltou a chamar de “precipitada” a decisão dos docentes de cruzarem os braços.

“Para que uma greve em maio de 2012 se o orçamento só vai para o congresso em agosto?”, questionou. Os professores universitários estão em greve há pouco menos de dois meses –segundo estimativa do Andes, ao menos 57 das 59 universidades federais foram afetadas.

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Nosso Tempo de Carlos Drummond de Andrade

Sugestão de poema encaminhada pelos colegas da Comissão de Comunicação de Diadema:

Nosso Tempo, Carlos Drummond de Andrade
(In A Rosa do Povo)

Este é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
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Governo cortará ponto de servidores federais em greve, diz Planejamento

Segundo ministério, cada órgão definirá período de corte em razão da greve. Diversos órgãos estão parados; servidores querem garantir reajuste salarial.

Do G1, em Brasília

O governo federal informou nesta sexta-feira (6) que autorizou o desconto dos dias de paralisação de servidores federais de diversos órgãos que estão em greve. A ordem do corte no ponto partiu da Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento.

Segundo a assessoria de imprensa da pasta, cada órgão vai definir o período exato do corte do ponto em razão da paralisação. Ainda conforme a assessoria, o ministério “segue a norma legal” ao autorizar os cortes.

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O Elefante, de Carlos Drummond de Andrade

Um poema de Drummond, publicado em A Rosa do Povo (1945), para acolher esse comecinho de fim de semana e todos os pensamentos de luta e de esperança que vierem com ele. Boa leitura!

Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.

Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.

Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.

Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.

É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.

Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.

E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.

Fonte: Andrade, Carlos Drummond de. “O Elefante”, in A Rosa do Povo. Rio de Janeiro: Record, 1988, pp. 104-107.

Assembleia Geral dos docentes da Unifesp discute continuidade da greve nesta sexta 06/07/2012

Os docentes da Universidade Federal de São Paulo realizam uma Assembleia Geral nesta sexta-feira (06) com o intuito de discutir a continuidade da greve da categoria.
Os professores reivindicam uma reestruturação que valorize suas carreiras, uma das mais desprestigiadas dentro do serviço público federal. A plenária acontece no Anfiteatro A, do campus São Paulo, a partir das 11 horas.
A greve das universidades federais já dura quase cinquenta dias e paralisa a quase totalidade das instituições em todo o país. Estudantes e servidores técnico-administrativos também deflagraram greves em dezenas de universidades e vem realizando mobilizações em conjunto com os professores. Até o momento o governo federal não apresentou nenhuma proposta concreta aos docentes.
Na última quinta-feira (28), representantes dos docentes, servidores e estudantes da Unifesp, UFABC e UFSCar realizaram uma manifestação em frente a sede do Banco Central, na avenida Paulista, reivindicando abertura imediata das negociações e mudanças na política econômica para uma valorização de fato da educação pública e do serviço público. Manifestações parecidas aconteceram em várias capitais do Brasil, inclusive em Brasília, envolvendo também outras categorias de servidores, muitas em greve.

TV – Greve Nacional Docentes no Entre Aspas

Está disponível para visualização a entrevista realizada no Globo News com representantes da ANDES:

Fonte: http://globotv.globo.com/globo-news/entre-aspas/v/acordo-sobre-greves-em-universidades-brasileiras-segue-sem-solucao/2024203/