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Para onde vão as nossas universidades

artigo Ricardo Antunes. fonte: Folha de S.Paulo, 6/8/2012, p.A2

O ProUni fortaleceu faculdades de fachada. Já as federais, agora produtivistas,  não têm nem prédios. Mas vozes privatistas, “de mercado”, criticam a greve
A expansão do ensino superior durante os governos Lula e Dilma foi quantitativamente ampla, tanto para as universidades públicas quanto para as privadas.

O primeiro grupo vivenciou uma expansão dos campi muito significativa, através da profusão de cursos – muitos dos quais, entretanto, pautados pela razão instrumental, de qualidade duvidosa e em sintonia com a era da flexibilidade.

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Zero de conduta

Vladimir Safatle – Artigo publicado originalmente na Folha de São Paulo de 31/07/2012

Há mais de dois meses, os professores das universidades federais estão em greve. Após duas propostas consideradas insuficientes pela maioria do corpo docente, o governo parece disposto a endurecer as negociações. No entanto há de estranhar a maneira com que uma questão dessa natureza está sendo tratada. Continuar lendo

Governo reapresenta proposta e mantém a desestruturação da carreira

Em uma reunião que durou mais de cinco horas, representantes do governo apresentaram na tarde desta terça-feira (24) algumas modificações pontuais na proposta anterior e ajustes internos nas tabelas de vencimento básico e retribuição por titulação da remuneração dos docentes das instituições federais de ensino, todas expressas em valores nominais. O secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça, iniciou a reunião afirmando que, na essência, a proposta não apresentava diferenças da anterior. Continuar lendo

O jornalismo cego às armadilhas do discurso oficial

fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed703_o_jornalismo_cego_as_armadilhas_do_discurso_oficial

O que dizer de um noticiário que dá de manchete exatamente o contrário da informação correta?

Foi o que ocorreu na cobertura da coletiva convocada pelo governo, no fim da tarde de 13 de julho, para anunciar a proposta com a qual pretende pôr fim à greve nas universidades e institutos federais de ensino, que já dura quase dois meses. O noticiário revelou mais uma vez a submissão dos jornalistas às fontes oficiais e a absoluta ausência de apuração própria resultou em matérias que induzem a erro e anunciam o oposto do que a proposta significa. Pois, em vez do alardeado reajuste, os professores terão perda salarial, como se verá. E não apenas isso: o plano de carreira embute armadilhas que, se confirmadas, significarão um retrocesso aos tempos da ditadura.

Comecemos, porém, pelos aspectos mais evidentes da cobertura.

Uma primeira comparação entre as capas de dois dos principais jornais do país já levaria a algum arquear de sobrancelhas: enquanto O Globo alardeia em manchete “Governo cede e aumenta professores em até 48%”, a Folha de S.Paulo dá chamada de capa com um índice menor: “Governo propõe reajuste de até 40% a docentes das federais”. A discrepância se deve a opções diferentes entre os jornais – o maior índice se refere a professores de institutos federais, e não de universidades – e ao cuidado do jornal paulista em abater, do índice anunciado, o reajuste de 4% já pago aos docentes de universidades no contracheque de maio, retroativo a março, conforme acordo estabelecido no ano anterior.

Ainda assim, ambos os jornais associam os números exuberantes aos cargos de “maior titulação”, sem explicar que esse reajuste máximo atinge apenas o restrito grupo de professores titulares. Entre doutores com regime de dedicação exclusiva, tanto adjuntos quanto associados (e essa diferença é relevante, porque os associados ganham substancialmente mais), o índice fica na faixa dos 30%.

Fazendo contas

Os jornais informam corretamente que os reajustes serão concedidos parcialmente, ao longo dos próximos três anos. Porém, não alertam para o essencial: que se trata de um percentual bruto, do qual, obrigatoriamente, deveria ser descontada a previsão de inflação para o período. E é aí que fica clara a primeira armadilha da proposta: não se trata de oferta de reajuste, mas da imposição de uma redução salarial, na maioria dos casos.

Há muitos anos, um renomado colunista de economia, convidado a dar uma palestra para estudantes de jornalismo, surpreendeu – e provavelmente decepcionou – a plateia ao responder à pergunta inevitável sobre a preparação dos jovens para a profissão: não repetiu a ladainha de sempre sobre a necessidade de leitura dos clássicos; disse que um bom jornalista precisa saber fazer contas.

Essa tarefa, infelizmente, continua restrita aos especialistas, como o professor Wagner Ferreira Santos, do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Sergipe. Ele fez essas contas e disponibilizou o resultado num artigoem que demonstra o engodo de se comparar valores em períodos distintos sem considerar o índice de inflação correspondente, normalmente calculado pelo IGP-M. Com base nesse índice, ele projeta uma inflação de 20% até 2015, de modo que, assim (re)ajustada, a remuneração da grande maioria dos professores (mestres e doutores com dedicação exclusiva, que compõem a esmagadora maioria nas universidades públicas) sofreria, de fato, perda de 0,4% a 11,9%, conforme a titulação e o nível de carreira. Reajuste, a rigor, só para o professor titular (5,9%, nesse percentual corrigido) e para o doutor adjunto nível 4 (1%), como se pode conferir nas tabelas publicadas em seu artigo.

Para esclarecer, o professor argumenta, como se passasse uma tarefa a seus alunos: “Como exercício de fixação, façamos cálculos análogos com o salário mínimo, que é referência para a maioria da população brasileira. Primeiro, mostre que os atuais R$ 622 são realmente maiores que os R$ 510 de julho de 2010. Agora, a pergunta capciosa: se o governo anunciasse hoje que o salário mínimo sofreria aumentos consecutivos em três parcelas, chegando a R$ 700 em julho de 2015, você aceitaria?”.

Papagaios das fontes

Os jornalistas presentes à coletiva não apenas não fizeram essas contas como nem sequer indagaram por que a proposta anunciava percentuais brutos e ignorava a inflação projetada para o período. Seria o comportamento elementar de qualquer repórter minimamente qualificado e interessado em trabalhar com dados corretos para divulgar informações confiáveis. Ainda que se considere que o governo, espertamente, venha convocando suas coletivas mais problemáticas para o fim da tarde, quando já não sobra muito tempo para que os jornalistas analisem adequadamente os dados que precisam divulgar “em tempo real”, nos sites e no noticiário radiofônico e televisivo. Mesmo que não obtivessem a informação precisa, os repórteres poderiam relativizar o que receberam, e não agir como porta-vozes oficiosos. Entretanto, o máximo que fizeram foi ouvir “o outro lado”, o dos dirigentes sindicais, e publicar breves declarações contrárias à proposta, mas tampouco esclarecedoras.

À parte a questão do reajuste, que inevitavelmente ganharia destaque no noticiário, há pelo menos outras duas armadilhas embutidas na proposta do governo para o plano de carreira nas universidades federais, como se pode constatar aqui, e que sequer foram consideradas nas reportagens, como observou o professor Kleber Mendonça, chefe do Departamento de Estudos de Mídia da UFF. Uma delas, que já preocupava as entidades sindicais, é a de que todos os novos professores, independentemente de sua titulação, ingressarão no nível mais baixo da carreira, como auxiliares, e não poderão mudar de classe enquanto estiverem em estágio probatório (o período de três anos ao final do qual o profissional é confirmado ou desligado do cargo). Na prática, isso significa que aquele que já poderia estar recebendo como doutor ficará com remuneração inferior durante esses três anos. Note-se que os concursos, há muitos anos, vêm sendo abertos apenas para doutores, e só excepcionalmente para mestres. Ou seja, exige-se a titulação, mas a remuneração correspondente pode esperar.

É possível perder essa oportunidade tão clara de ironizar o discurso oficial de “valorização da carreira”?

Ironias da história

Além disso, a planilhacomparativa divulgada pelo governo mostra apenas os salários atuais (antes e depois do reajuste de 4% já concedido no mês passado, e retroativo a março) e os salários de 2015. O hiato de três anos até lá é apagado, mais ou menos como em certos anúncios imobiliários em que algumas ruas são suprimidas do mapa para dar a impressão de que o belo imóvel fica a poucas quadras da praia ou de um maravilhoso bosque. Quem olha as planilhas fica com a sensação de que os professores que recebem hoje, digamos, R$ 7.600 (adjunto 1, doutor com dedicação exclusiva), passarão logo a ganhar R$ 10 mil, quando esta é a remuneração para daqui a três anos.

A outra armadilha é que o governo propõe uma mudança no sistema de promoção “nos termos das normas regulamentares a serem expedidas pelo Ministério da Educação”. Portanto, propõe que os professores aceitem normas que desconhecem.

É de fazer inveja a Maquiavel.

Mas essa armadilha representa algo ainda mais grave, como lembrou o jornalista João Batista de Abreu, professor no Departamento de Comunicação da UFF: significa um retorno aos tempos da ditadura militar, quando não havia concursos públicos e a cada renovação de contrato os professores tinham que apresentar o famigerado atestado ideológico, emitido pelo DOPS. Quem estava respondendo a processo político não conseguia o documento. Depois da Lei da Anistia, em 1979, essa exigência caiu, mas um chefe de Departamento que não gostasse de determinado professor poderia simplesmente não renovar seu contrato.

João Batista, na época em início de sua carreira docente, recorda da greve iniciada em fins de 1980, que resultou na conquista desse aspecto fundamental da autonomia universitária que é a definição do sistema de ascensão funcional, através da constituição de comissões de progressão docentes, responsáveis também pela regulamentação das atividades do professor na instituição. “Se os critérios de progressão passarem a ser definidos pelo MEC”, diz João Batista, “voltaremos 30 anos no tempo”.

Seria uma dessas ironias da história se isso acontecesse, tendo em vista o passado dos atuais governantes. Mas a tentação autoritária é um fantasma sempre à espreita.

“Proposta definitiva”

Apesar de todas essas considerações, houve quem, embora com vasta experiência profissional – como a colunista de política da Folha Eliane Cantanhêde –, optasse por simplesmente reverberar as informações oficiais, afirmando tratar-se de uma “proposta definitiva”, esse absurdo lógico que ignora que uma proposta, por definição, é passível de negociação. Do contrário, trata-se de decisão, deliberação, imposição ou qualquer outro substantivo que expresse uma resolução unilateral de quem tem, ou pensa que tem, poder para agir dessa forma.

Para concluir, as reportagens não deixaram de notar o “impacto” de R$ 3,9 bilhões que essa “proposta definitiva” causará aos cofres públicos, ignorando oportunamente o teor da Medida Provisória 559, já aprovada pelo Congresso e dependendo apenas da sanção presidencial, segundo a qual o governo concede às instituições particulares de ensino R$ 15 bilhões sob a forma de renúncia fiscal.

Assim se faz o jornalismo de hoje, esse jornalismo que certa vez chamei “de mãos limpas”, porque se contenta em ouvir um lado, ouvir outro e lavar as mãos, deixando supostamente a conclusão para o público. Não é difícil imaginar a que tipo de conclusão esse público poderá chegar, privado que está das informações elementares a partir das quais poderia elaborar algum raciocínio minimamente fundamentado. Não por acaso tantos colegas professores receberam congratulações de parentes e amigos diante da expectativa do magnífico reajuste. Precisaram pacientemente desfazer o equívoco, para espanto de quem acreditou nos jornais.

***

[Sylvia Debossan Moretzsohn é jornalista, professora da Universidade Federal Fluminense]

A proposta do governo para os professores das federais

fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-proposta-do-governo-para-os-professores-das-federais?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

Enviado por luisnassif, seg, 16/07/2012 – 10:41

Por marcos.verissimo

O parecer da ANDES sobre a proposta do governo para os Professores das Universidades Federais

Nassif,

Saiu uma análise do CNG – ANDES (Comando Nacional de Greve da ANDES) sobre a proposta que o governo apresentou aos professores na sexta-feira, 13 de julho. Abaixo, eu faço um resumo pessoal sobre os pontos que vêm sendo comentados e debatidos exaustivamente em fórums em redes sociais. Estas são palavras minhas, e não se deve pensar que este é um pronunciamento oficial da parte dos Professores em greve. Apenas acho importante trazer o debate a público ressaltando pontos que não estão sendo nem mesmo arranhados pelo modo como nossa mídia parcial mostra a greve – isso, quando a mostra.

A proposta apresentada pelo governo está em

http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/noticias/srh/2012/120713_proposta_reestruturacao.pdf

e a análise do CNG – ANDES está em

https://docs.google.com/file/d/0Bzz4VZkJH1bscElSZXhsd1dmNVU/edit

Provavelmente os maiores problemas, em minha opinião, sejam:

1) Apesar de ter diminuído o número de níveis de 17 para 13, o governo fez a coisa de modo que agora leva ainda mais tempo mesmo para doutores atingirem o topo da carreira: o tempo de progressão aumentou de 18 para 24 meses entre um nível e outro, a carga mínima de aulas para que a progressão ocorra aumentou de 8 para 12 horas-aula por semana – de duas matérias, passa-se a ter que lecionar três. Isto diminui o tempo disponível para pesquisa – mas a produtividade de publicações tem que continuar alta, numericamente. Isto, inclusive, vai contra a LDB, onde o mínimo de 8 horas-aula é estipulado. Vejam-se os gráficos em https://dl.dropbox.com/u/28275896/EBTT/AnalisePropostaCarreiraEBTT.htm . No eixo horizontal, temos o tempo em anos, e cada salto na curva representa um degrau galgado na carreira. A linha rosa corresponde à atual carreira, e a linha amarela, ao que ocorrerá caso seja aceita a proposta do governo. Um doutor que levava aproximadamente 11 anos para chegar ao topo da carreira, pela atual proposta do governo leva, portanto, aproximadamente 17 anos.

2) Não há menção de uma data-base para os professores, ponto reivindicado. Isso quer dizer que os professores estarão ainda à mercê da boa-vontade do governo para ter seu salário aumentado, pelo percentual que o governo achar adequado. O último foi 4%, depois de dois anos sem aumento, o que claramente nem chega perto de pensar em cobrir perdas salariais pela inflação.

3) A proposta, como poderão ver, tem pontos que estão muito nebulosos ou sem especificação. Por exemplo, “No regime de dedicação exclusiva poderá ser admitida a percepção de Retribuição por Projetos Institucionais de Pesquisa, Extensão e Gratificação de Atividade de Preceptoria, com recursos próprios (a ser disciplinado pelo MEC no prazo de 180 dias contados a partir da publicação desta Lei).”. Ou seja, o governo quer que se assine um “cheque em branco”.

4) Continua-se a considerar as carreiras de Magistério Superior (MS) e Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (o EBTT no texto da ANDES) como duas carreiras separadas, ainda que as atribuições de ensino, pesquisa e extensão sejam as mesmas nas duas carreiras. Vejam-se as tabelas na página 7 da proposta apresentada

5) Para novos professores, a carreira passa a ser menos atraente: antes, um doutor entrava na carreira como Professor Adjunto, e precisava percorrer 10 níveis para chegar ao topo. Agora, precisa percorrer os 13. Seria justo que um Graduado, um Mestre e um Doutor tenham que galgar o mesmo número de degraus na carreira? O que muda é que um professor com Mestrado, que posteriormente obtenha seu doutorado, levará ainda mais tempo, passando de 10 para 21 anos!

6) Há ainda análises detalhadas sobre o reajuste de salários implicados pela nova proposta: elas dizem que pode haver perdas salariais para a maioria das classes na carreira. A única que teria um real aumento significativo seria a de Titulares. Os problemas são que os Titulares mal chegam a 10% dos atuais professores e, de qualquer modo, conforme consta no item IV (e), na página 2 da nova proposta do governo, “a classe de professor titular será acessível a 20% do quadro de docentes da instituição.”. Ou seja, pela nova proposta do governo, 80% dos docentes não chegarão nunca ao topo da carreira. A análise à qual me refiro, feita por um Professor do Departemento de Matemática da Universidade Federal de Sergipe, pode ser encontrada na página http://professoresemlutaufal.blogspot.com.br/2012/07/governo-propoe-reducao-de.html , entre outras.

Com tudo isto, pode-se preceber que a mídia vem dando informações absolutamente falaciosas e parciais sobre a proposta do governo, dando a impressão que está concedendo 45% para todos os professores, quando os que receberão este percentual (sem descontar as perdas inflacionárias, que o diminuem efetivamente), são apenas os 20% que “chegarem primeiro”. E hoje, estes mal chegam a 10% do total de docentes, quando muito.

É assim que o governo quer estimular que bons cérebros permaneçam na Universidade para formar pessoas em áreas estratégicas para o país, como as Engenharias? Os alunos de Engenharia conseguem propostas muito melhores no mercado – não é à toa que uma boa ênfase das bolsas do Ciência sem Fronteiras são dadas para estas áreas estratégicas.  Está mais fácil e barato ir buscar o que não se tem lá fora, ao invés de pensar em um projeto de Desenvolvimento de Nação a longo prazo que não privilegie somente o monetarismo (o que, claro também é importante mas, provavelmente, não o mais importante). Estrategicamente, acredito que a longo prazo o que está sendo feito é um tiro de bazuca no pé. As Universidades Federais sempre tiveram seus problemas, mas sempre foram uma das referências nacionais, no que toca a qualidade do Ensino Superior no País – as Estaduais de São Paulo e algumas PUCs são outras referências também. Acredito que o plano proposto pelo governo desestimula alunos de áreas estratégicas a continuarem na Universidade Pública para formar bons profissionais em suas áreas de formação originais e, com isso, promove-se um esvaziamento da Universidade Pública no País.

Seria importante que estes dados fossem levados ao conhecimento do grande público pois, do jeito que o governo fez, anunciando o aumento durante a reunião com os sindicatos, e com a mídia anunciando que o governo está dando 45% de aumento como se fosse para toda a categoria, haverá uma idéia errada sobre o que realmente está sendo proposto. Se a proposta for rejeitada nas assembléias locais e a greve continuar, os Professores serão pintados como baderneiros que só querem desestabilizar o governo em ano eleitoral, o que creio que absolutamente não é o caso.

Links agrupados, para facilitar:

Proposta do governo:

http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/noticias/srh/2012/120713_proposta_reestruturacao.pdf

Análise do CNG – ANDES:

https://docs.google.com/file/d/0Bzz4VZkJH1bscElSZXhsd1dmNVU/edit

Análise preliminar sobre o tempo necessário para chegar ao topo da carreira de Professor com a atual carreira, e com a proposta do governo:

https://dl.dropbox.com/u/28275896/EBTT/AnalisePropostaCarreiraEBTT.htm

Análise sobre perdas salariais reais efetuada pelo Professor Wagner Ferreira Santos, do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Sergipe:

http://professoresemlutaufal.blogspot.com.br/2012/07/governo-propoe-reducao-de.html

Jornal da Cultura analisa a proposta do governo federal aos professores universitário em greve

No link abaixo, matéria e discussão no Jornal da Cultura de 17/07 sobre a negociação entre Governo Federal e Andes a respeito da greve nacional nas federais.

http://www.youtube.com/watch?v=i2kw-xUJR3o&feature=share

 

Governo apresenta pacote para por fim à greve

O governo federal apresentou nesta sexta-feira 13 uma proposta para tentar colocar fim aos quase dois meses de greve dos professores federais de ensino superior. A paralisação atinge 56 das 59 universidades federais, além de 34 institutos federais de educação tecnológica (dos 38 existentes).

A proposta apresentada pelo Ministério do Planejamento diminui de 17 para 13 os níveis de carreira, a partir de 2013, e concede reajuste salarial a todos os docentes federais de ensino superior – além dos 4% já conseguidos com a MP 568, retroativo a março, ao longo dos próximos três anos. Com isso, o governo estima que, ao longo dos próximos três anos, a remuneração do professor titular com dedicação exclusiva suba de 11,8 mil reais para 17,1 mil. A medida do governo prevê, portanto, que os professores cheguem a esse patamar em menos tempo de carreira.

Segundo o secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, a expectativa é que a proposta atenda aos pedidos dos docentes e encerre a greve, que ameaça atrasar o calendário letivo de grande parte das universidades federais.

Histórico
As reivindicações da categoria dos professores são antigas e se referem à reestruturação do plano de carreira dos docentes e melhores condições de trabalho. Os professores também reclamam do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), que, segundo eles, expandiu de forma improvisada o ensino superior público. “Notamos que ensino superior federal foi expandido nas propagandas, mas não assegurado na condição real”, avaliou a ex-presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Marina Barbosa.

Conforme foi noticiado por CartaCapital, a reunião desta sexta-feira 13 era esperada desde 19 de junho. Na época, a greve já havia completado um mês, porém o Ministério do Planejamento adiou novamete a reunião, alegando que os esforços do governo estavam voltados para a Rio+20.

A decisão sobre a continuidade da greve está agora com os docentes. Segundo a presidente do Andes, Marinalva Oliveira, a proposta do governo ainda será discutida no movimento de greve e uma definição deve ser anunciada na próxima semana.

*Com informações da Agência Brasil

http://www.cartacapital.com.br/carta-na-escola/governo-apresenta-pacote-para-por-fim-a-greve/

Ministério do Planejamento se reúne com docentes nesta sexta-feira

Último encontro aconteceu no dia 12 de junho; professores reivindicam reestruturação de plano de carreira

O Ministério do Planejamento se reunirá na tarde desta sexta-feira, 13, com os representantes sindicais dos docentes das instituições federais. O Estadão.edu já havia adiantado que o encontro aconteceria ainda neste mês, conforme desejo do governo.

A greve dos docentes das instituições federais começou no dia 17 de maio com a adesão de entidades filiadas ao Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN ). Nesta sexta, a paralisação completa 57 dias, com a adesão de pelo menos 56 das 59 universidades federais são afetadas pela paralisação, além de 36 institutos de educação básica, profissional e tecnológica. Servidores técnico-administrativos e estudantes também estão em greve.

A última reunião entre representantes sindicais e o Ministério do Planejamento aconteceu em 12 de junho, quando o governo pediu 20 dias de trégua aos professores das federais, que negaram o pedido. Na ocasião, foi também marcado um novo encontro para o dia 19 do mesmo mês. Este, no entanto, foi adiado sem qualquer justificativa.

A principal reivindicação do movimento grevista é a reestruturação da carreira docente e, justamente por esta razão, as negociações são feitas com o Planejamento. Pela proposta do governo, rejeitada pelos professores, eles precisariam passar por 16 níveis para chegar ao topo da carreira e ainda prestar um novo concurso para ser tornar titular. A Andes, por sua vez, pede que o plano de carreira tenha 13 níveis, sendo que, para chegar a titular, o professor não necessitaria de novo concurso. O salário inicial, além disso, seria algo entre R$ 7 e 8 mil.

http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,ministerio-do-planejamento-se-reune-com-docentes-nesta-sexta-feira,899409,0.htm

Marinalva Oliveira: Crise internacional não justifica precariedade nas universidades federais

por Luiz Carlos Azenha

A presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES), Marinalva Silva Oliveira, disse ao Viomundo que a crise econômica internacional não pode ser usada pelo governo Dilma como argumento para deixar de atender as reivindicações de professores e estudantes das instituições públicas federais de ensino que estão em greve.

A paralisação de professores e técnicos começou em 17 de maio, em torno de duas reinvidicações básicas: a reestruturação das carreiras, com piso salarial de R$ 2.300 e melhorias na infraestrutura. Na primeira reunião entre grevistas e representantes do Ministério da Educação, em 12 de junho, segundo Marinalva o governo pediu trégua, mas não ofereceu “nada objetivo, nada preciso”.

Fatos: houve grande expansão das universidades federais, com o número de estudantes saltando de 653 mil em 2008 para 850 mil em 2010.

O orçamento para investimento e custeio também cresceu, de R$ 3,9 bilhões em 2008 para R$ 7,7 bilhões em 2012.

Ainda assim, na avaliação da presidente do ANDES, “foi uma expansão precarizada”.

Ela afirma que os problemas se acentuaram desde o início do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni).

Diz que os salários atuais não são capazes de atrair bons quadros para dar aulas em universidades federais.

Marinalva, que é doutora, professora em dedicação exclusiva e associada 2 — faltam apenas 4 anos para chegar ao topo de carreira — ganha 8 mil reais liquidos.

“Se você comparar com outras carreiras do Executivo, é um dos [salários] mais baixos. Nós que formamos os mestres, os doutores, fazemos pesquisas”, afirma.

Sobre a adesão dos estudantes ao movimento — de mais de 40 universidades –, ela atribui isso à má qualidade da infraestrutura:

“Nós temos turmas superlotadas, chega a 80 alunos numa sala de aula”.

 Alunos reclamam da falta de laboratórios, restaurantes, creches e professores.

As bolsas de trabalho para estudantes que substituem técnicos administrativos, segundo Marinalva, “são irrisórias”.

Os professores são forçados a buscar financiamento para pesquisas muitas vezes em “entes privados, ameaçando nossa autonomia intelectual”.

O ANDES defende a expansão das universidades federais, “mas com qualidade”.

Sobre a crise internacional, Marinalva argumenta que há dinheiro, por exemplo, para as obras da Copa do Mundo. Alega também que o governo não vê problemas em dar isenção fiscal a empresários e lembra o caso da dívida tributária das universidades particulares, que atingiu R$ 17 bilhões. Uma proposta de renegociação daria a elas o direito de pagar 90% em bolsas de estudos e os outros 10% em 15 anos.

Quanto às negociações, a presidente do Andes diz: “Temos interesse em encerrar essa greve, mas desde que o governo nos receba, analise nossa proposta”.

Marinalva Oliveira: Crise internacional não justifica precariedade nas universidades federais

Greve de docentes atrapalhou negociação, afirma Mercadante

FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA

O ministro Aloizio Mercadante (Educação) voltou a criticar nesta terça-feira a greve dos docentes, e afirmou que a paralisação atrapalhou as negociações entre governo e a categoria.

“Se nós não tivéssemos tido esse processo [de greve], acho que teríamos concluído essa negociação. (…) Já poderíamos ter avançado muito se não tivesse tido esse impasse”, afirmou em audiência no Senado Federal. O ministro voltou a chamar de “precipitada” a decisão dos docentes de cruzarem os braços.

“Para que uma greve em maio de 2012 se o orçamento só vai para o congresso em agosto?”, questionou. Os professores universitários estão em greve há pouco menos de dois meses –segundo estimativa do Andes, ao menos 57 das 59 universidades federais foram afetadas.

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