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Registro Assembleia Profs Guarulhos – 16/08/2012

Registro da Assembleia de docentes da EFLCH – Unifesp – Guarulhos

Data: 16/8/2012 – sala 08 – unidade I – 10h30 as 13h00. Presentes: 57 docentes

A mesa foi composta pelos professores: Javier Amadeo e Marineide Gomes (coordenação), Artionka Capiberibe (inscrição e controle do tempo dos inscritos) e Isabel M. Bello, Marieta Penna e Betânia Dantas (registro da assembleia).

 

Informes:

  1. Informe sobre a pauta nacional: a profa. Marineide Gomes informa que o governo federal ainda não reabriu as negociações. A orientação do CNG Andes SN é de que as Seções Sindicais elaborassem contrapropostas que devem ser sistematizadas pelo CNG Andes SN, com retorno às bases para deliberação. Há avaliação de que a pressão exercida sobre os parlamentares os levem a exercer mediação com o governo para a reabertura de negociações e as universidades permanecerem em greve, sendo a unidade do movimento e a manutenção da greve considerada fundamentais, nesse momento.
  2. Informe sobre a pauta local: sobre o aluguel da Stiefel o Prof. Pedro Arantes informa que o aluguel não se concretizou devido às dificuldades com o proprietário e um outro prédio está sendo cogitado no centro de Guarulhos (escola Agnus Dei – desativada há cerca de 7 anos) cujo aluguel também está sendo discutido o valor. Sobre o terreno em frente ao campus a reitoria solicitou a desapropriação ao Min. da Educação, ainda sem resposta. No prédio dos galpões (usado como estacionamento) não foi feita nenhuma adaptação ainda. Desapropriar o prédio depende da decisão sobre a localização parcial ou total do campus no local atual. O Colóquio previsto para os dias 3 a 5/09 sobre a localização da EFLCH poderá trazer novas informações a esse cenário.
  3. Informe sobre a assembléia geral da Adunifesp em 13/08/2012 na V. Clementino: profa. Marineide apresenta a contraproposta de carreira docente elaborada pelo CLG com base nas simulações feitas pela UFRJ e UFABC, que em linhas gerais tentou se aproximar do valor limite estimado pelo governo de 4,2 bilhões. A contraproposta chegou ao limite de 6,083 bilhões. Tem por base de cálculo os impactos sobre o mês de março de 2012, cálculo de inflação de 5% ao ano; piso salarial de R$ 2.018,77; relação entre os regimes de trabalho: 20h=1,0; 40h= 1,6; DE=2,7; acréscimos por titulação: graduação: 0%; aperfeiçoamento=5%; especialização: 10%; mestrado= 35%; doutorado= 80%. Acréscimos em progressão/promoção: 3% entre níveis: 9% entre classes; passagem para titular =12%. Escalonamento do reajuste: 2013:40%; 2014: 30%; 2015=30%, com impactos no PIB em 2012 = de 0,25%; 2013= 0,26%; 2014= 0,26%; 2015= 0,30%. Em seguida houve vários esclarecimentos e considerações a respeito dessa proposta. Informa que foi proposto na assembléia geral que a próxima assembléia geral será no campus Guarulhos – a ser submetida a esta assembléia.

Passando ao ponto de pauta: Mobilização Docente – que envolve questões da pauta nacional e local – houve varias manifestações de professores com argumentos a favor da manutenção da greve e contra. Os argumentos a favor da manutenção da greve foram no sentido de reconhecer a especificidade e complexidade da situação do campus Guarulhos (“com passivo grande e vitrine mal usada”), o simbolismo nacional e local, a possibilidade de negociação que será mais efetiva se permanecermos em greve por mais 15 dias (período final para envio da Lei do Orçamento Anual para o Congresso Nacional), e planejar a saída da greve de maneira unificada, o fato dos estudantes estarem em greve e não retornarem imediatamente, caso os docentes saiam da greve, a necessária conversa com eles e os técnico administrativos, antes do retorno as aulas, assim como os demais campi da Unifesp no cenário da greve nacional; nesse período de 15 dias poderia ser organizado um plano de reposição de aulas pelos Departamentos, as medidas institucionais cabíveis e algumas atividades com os 3 segmentos que não foi possível realizar devido ao pouco envolvimento dos docentes (aulas publicas, seminários); o reconhecimento dos ganhos com a greve, mesmo que insuficientes, no plano nacional e local. No plano nacional: a visibilidade dos princípios de defesa da universidade publica, da carreira e de melhoria das condições de trabalho, a negociação, mesmo limitada, com o governo que cedeu – em relação a outras categorias do funcionalismo publico federal. No nível local: a produção do documento de reivindicações elaborada pelos GT, o canal aberto com a reitoria, as providências institucionais, mesmo que limitadas e sobretudo, o acesso as informações; questionamento de como ficarão os professores de Guarulhos em relação aos colegas dos outros campi da Unifesp e das universidades que se mantêm em greve, no caso de somente o campus Guarulhos decidir por retornar ao trabalho, sendo lembrado que o tema da localização do campus e saída da greve pelos docentes poderem representar fatores causadores de novos enfrentamentos com os estudantes.

Os argumentos expostos pelos docentes que se manifestaram pela saída da greve afirmaram o retorno as atividades como condição de retomada do campus, que encontra-se vazio, sobretudo pela evasão de muitos estudantes, após os atos de violência; o sinal dos estudantes desejarem retornar as aulas pelo agendamento da assembléia em 23/08 e que só estariam aguardando os professores saírem da greve, para eles também saírem; que houve mistura das demandas nacional e local; o risco institucional de existência do campus; a greve como instrumento que acirrou a crise no campus; as dificuldades de representação estudantil; a ausência de manifestação do Andes SN sobre a situação do campus Guarulhos; a indefinição da saída da greve ser pior para todos; o custo político do fim da greve em Guarulhos para a Adunifesp, para os outros campi e para o Andes SN e a esperada compreensão de todos sobre a especificidade de Guarulhos.

Ao término das manifestações, que contou com defesa das propostas favoráveis e contra a manutenção da greve docente – as propostas se resumiram em:

– manutenção da greve com saída planejada nos próximos 15 dias;

– saída imediata da greve com Declaração Publica esclarecendo as razoes – com informe a Congregação;

– a necessidade de constar na negociação com o governo federal a data base da categoria docente – sendo esclarecido que esse ponto já foi encaminhado ao Andes SN.

Colocado em votação, a proposta de saída imediata da greve obteve 32 votos, a manutenção da greve com saída planejada nos próximos 15 dias: 25 votos, sem abstenções.

A Comissão responsável pela redação da Declaração Publica foi composta pelos professores Izilda, Pedro Arantes e Ana Lucia, sendo esclarecido que os docentes do campus manterão a mobilização para a retomada de negociações.

Os docentes presentes decidiram que a próxima assembleia geral não seria realizada em Guarulhos. Neste momento a assembleia contava com 31 professores, computados 30 votos contra, um a favor e nenhuma abstenção.

Ao final foi retomada a necessidade de recomposição da Comissão de Mobilização Docente, responsável pelo acompanhamento da pauta local com a reitoria sendo definido que esse tema ficaria suspenso até o inicio de setembro.

 

Registro feito por Isabel M. Bello, Marieta Penna e Betânia Dantas

Para onde vão as nossas universidades

artigo Ricardo Antunes. fonte: Folha de S.Paulo, 6/8/2012, p.A2

O ProUni fortaleceu faculdades de fachada. Já as federais, agora produtivistas,  não têm nem prédios. Mas vozes privatistas, “de mercado”, criticam a greve
A expansão do ensino superior durante os governos Lula e Dilma foi quantitativamente ampla, tanto para as universidades públicas quanto para as privadas.

O primeiro grupo vivenciou uma expansão dos campi muito significativa, através da profusão de cursos – muitos dos quais, entretanto, pautados pela razão instrumental, de qualidade duvidosa e em sintonia com a era da flexibilidade.

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Nota de esclarecimento sobre dossie “Crise da EFLCH”

Comunicado do segmento docente do campus Guarulhos da Unifesp
O segmento docente da EFLCH, reunido em Assembleia Geral no dia 03/08/2012, esclarece que o dossiê intitulado “A crise da Escola de Humanidades da Unifesp e sua permanência no Pimentas”, protocolado pelo Prof. Dr. Juvenal Savian junto à reitoria e às pró-reitorias da UNIFESP, não passou por debate, discussão ou votação em nenhuma assembleia geral de docentes ou instância representativa de nosso campus.

A EFLCH mobiliza-se, por deliberação de sua Congregação, a discutir a questão da localização de seu campus no corrente mês de agosto.


Segmento docente do campus Guarulhos
03/08/2012 18:05

O jornalismo cego às armadilhas do discurso oficial

fonte: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed703_o_jornalismo_cego_as_armadilhas_do_discurso_oficial

O que dizer de um noticiário que dá de manchete exatamente o contrário da informação correta?

Foi o que ocorreu na cobertura da coletiva convocada pelo governo, no fim da tarde de 13 de julho, para anunciar a proposta com a qual pretende pôr fim à greve nas universidades e institutos federais de ensino, que já dura quase dois meses. O noticiário revelou mais uma vez a submissão dos jornalistas às fontes oficiais e a absoluta ausência de apuração própria resultou em matérias que induzem a erro e anunciam o oposto do que a proposta significa. Pois, em vez do alardeado reajuste, os professores terão perda salarial, como se verá. E não apenas isso: o plano de carreira embute armadilhas que, se confirmadas, significarão um retrocesso aos tempos da ditadura.

Comecemos, porém, pelos aspectos mais evidentes da cobertura.

Uma primeira comparação entre as capas de dois dos principais jornais do país já levaria a algum arquear de sobrancelhas: enquanto O Globo alardeia em manchete “Governo cede e aumenta professores em até 48%”, a Folha de S.Paulo dá chamada de capa com um índice menor: “Governo propõe reajuste de até 40% a docentes das federais”. A discrepância se deve a opções diferentes entre os jornais – o maior índice se refere a professores de institutos federais, e não de universidades – e ao cuidado do jornal paulista em abater, do índice anunciado, o reajuste de 4% já pago aos docentes de universidades no contracheque de maio, retroativo a março, conforme acordo estabelecido no ano anterior.

Ainda assim, ambos os jornais associam os números exuberantes aos cargos de “maior titulação”, sem explicar que esse reajuste máximo atinge apenas o restrito grupo de professores titulares. Entre doutores com regime de dedicação exclusiva, tanto adjuntos quanto associados (e essa diferença é relevante, porque os associados ganham substancialmente mais), o índice fica na faixa dos 30%.

Fazendo contas

Os jornais informam corretamente que os reajustes serão concedidos parcialmente, ao longo dos próximos três anos. Porém, não alertam para o essencial: que se trata de um percentual bruto, do qual, obrigatoriamente, deveria ser descontada a previsão de inflação para o período. E é aí que fica clara a primeira armadilha da proposta: não se trata de oferta de reajuste, mas da imposição de uma redução salarial, na maioria dos casos.

Há muitos anos, um renomado colunista de economia, convidado a dar uma palestra para estudantes de jornalismo, surpreendeu – e provavelmente decepcionou – a plateia ao responder à pergunta inevitável sobre a preparação dos jovens para a profissão: não repetiu a ladainha de sempre sobre a necessidade de leitura dos clássicos; disse que um bom jornalista precisa saber fazer contas.

Essa tarefa, infelizmente, continua restrita aos especialistas, como o professor Wagner Ferreira Santos, do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Sergipe. Ele fez essas contas e disponibilizou o resultado num artigoem que demonstra o engodo de se comparar valores em períodos distintos sem considerar o índice de inflação correspondente, normalmente calculado pelo IGP-M. Com base nesse índice, ele projeta uma inflação de 20% até 2015, de modo que, assim (re)ajustada, a remuneração da grande maioria dos professores (mestres e doutores com dedicação exclusiva, que compõem a esmagadora maioria nas universidades públicas) sofreria, de fato, perda de 0,4% a 11,9%, conforme a titulação e o nível de carreira. Reajuste, a rigor, só para o professor titular (5,9%, nesse percentual corrigido) e para o doutor adjunto nível 4 (1%), como se pode conferir nas tabelas publicadas em seu artigo.

Para esclarecer, o professor argumenta, como se passasse uma tarefa a seus alunos: “Como exercício de fixação, façamos cálculos análogos com o salário mínimo, que é referência para a maioria da população brasileira. Primeiro, mostre que os atuais R$ 622 são realmente maiores que os R$ 510 de julho de 2010. Agora, a pergunta capciosa: se o governo anunciasse hoje que o salário mínimo sofreria aumentos consecutivos em três parcelas, chegando a R$ 700 em julho de 2015, você aceitaria?”.

Papagaios das fontes

Os jornalistas presentes à coletiva não apenas não fizeram essas contas como nem sequer indagaram por que a proposta anunciava percentuais brutos e ignorava a inflação projetada para o período. Seria o comportamento elementar de qualquer repórter minimamente qualificado e interessado em trabalhar com dados corretos para divulgar informações confiáveis. Ainda que se considere que o governo, espertamente, venha convocando suas coletivas mais problemáticas para o fim da tarde, quando já não sobra muito tempo para que os jornalistas analisem adequadamente os dados que precisam divulgar “em tempo real”, nos sites e no noticiário radiofônico e televisivo. Mesmo que não obtivessem a informação precisa, os repórteres poderiam relativizar o que receberam, e não agir como porta-vozes oficiosos. Entretanto, o máximo que fizeram foi ouvir “o outro lado”, o dos dirigentes sindicais, e publicar breves declarações contrárias à proposta, mas tampouco esclarecedoras.

À parte a questão do reajuste, que inevitavelmente ganharia destaque no noticiário, há pelo menos outras duas armadilhas embutidas na proposta do governo para o plano de carreira nas universidades federais, como se pode constatar aqui, e que sequer foram consideradas nas reportagens, como observou o professor Kleber Mendonça, chefe do Departamento de Estudos de Mídia da UFF. Uma delas, que já preocupava as entidades sindicais, é a de que todos os novos professores, independentemente de sua titulação, ingressarão no nível mais baixo da carreira, como auxiliares, e não poderão mudar de classe enquanto estiverem em estágio probatório (o período de três anos ao final do qual o profissional é confirmado ou desligado do cargo). Na prática, isso significa que aquele que já poderia estar recebendo como doutor ficará com remuneração inferior durante esses três anos. Note-se que os concursos, há muitos anos, vêm sendo abertos apenas para doutores, e só excepcionalmente para mestres. Ou seja, exige-se a titulação, mas a remuneração correspondente pode esperar.

É possível perder essa oportunidade tão clara de ironizar o discurso oficial de “valorização da carreira”?

Ironias da história

Além disso, a planilhacomparativa divulgada pelo governo mostra apenas os salários atuais (antes e depois do reajuste de 4% já concedido no mês passado, e retroativo a março) e os salários de 2015. O hiato de três anos até lá é apagado, mais ou menos como em certos anúncios imobiliários em que algumas ruas são suprimidas do mapa para dar a impressão de que o belo imóvel fica a poucas quadras da praia ou de um maravilhoso bosque. Quem olha as planilhas fica com a sensação de que os professores que recebem hoje, digamos, R$ 7.600 (adjunto 1, doutor com dedicação exclusiva), passarão logo a ganhar R$ 10 mil, quando esta é a remuneração para daqui a três anos.

A outra armadilha é que o governo propõe uma mudança no sistema de promoção “nos termos das normas regulamentares a serem expedidas pelo Ministério da Educação”. Portanto, propõe que os professores aceitem normas que desconhecem.

É de fazer inveja a Maquiavel.

Mas essa armadilha representa algo ainda mais grave, como lembrou o jornalista João Batista de Abreu, professor no Departamento de Comunicação da UFF: significa um retorno aos tempos da ditadura militar, quando não havia concursos públicos e a cada renovação de contrato os professores tinham que apresentar o famigerado atestado ideológico, emitido pelo DOPS. Quem estava respondendo a processo político não conseguia o documento. Depois da Lei da Anistia, em 1979, essa exigência caiu, mas um chefe de Departamento que não gostasse de determinado professor poderia simplesmente não renovar seu contrato.

João Batista, na época em início de sua carreira docente, recorda da greve iniciada em fins de 1980, que resultou na conquista desse aspecto fundamental da autonomia universitária que é a definição do sistema de ascensão funcional, através da constituição de comissões de progressão docentes, responsáveis também pela regulamentação das atividades do professor na instituição. “Se os critérios de progressão passarem a ser definidos pelo MEC”, diz João Batista, “voltaremos 30 anos no tempo”.

Seria uma dessas ironias da história se isso acontecesse, tendo em vista o passado dos atuais governantes. Mas a tentação autoritária é um fantasma sempre à espreita.

“Proposta definitiva”

Apesar de todas essas considerações, houve quem, embora com vasta experiência profissional – como a colunista de política da Folha Eliane Cantanhêde –, optasse por simplesmente reverberar as informações oficiais, afirmando tratar-se de uma “proposta definitiva”, esse absurdo lógico que ignora que uma proposta, por definição, é passível de negociação. Do contrário, trata-se de decisão, deliberação, imposição ou qualquer outro substantivo que expresse uma resolução unilateral de quem tem, ou pensa que tem, poder para agir dessa forma.

Para concluir, as reportagens não deixaram de notar o “impacto” de R$ 3,9 bilhões que essa “proposta definitiva” causará aos cofres públicos, ignorando oportunamente o teor da Medida Provisória 559, já aprovada pelo Congresso e dependendo apenas da sanção presidencial, segundo a qual o governo concede às instituições particulares de ensino R$ 15 bilhões sob a forma de renúncia fiscal.

Assim se faz o jornalismo de hoje, esse jornalismo que certa vez chamei “de mãos limpas”, porque se contenta em ouvir um lado, ouvir outro e lavar as mãos, deixando supostamente a conclusão para o público. Não é difícil imaginar a que tipo de conclusão esse público poderá chegar, privado que está das informações elementares a partir das quais poderia elaborar algum raciocínio minimamente fundamentado. Não por acaso tantos colegas professores receberam congratulações de parentes e amigos diante da expectativa do magnífico reajuste. Precisaram pacientemente desfazer o equívoco, para espanto de quem acreditou nos jornais.

***

[Sylvia Debossan Moretzsohn é jornalista, professora da Universidade Federal Fluminense]

A proposta do governo para os professores das federais

fonte: http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/a-proposta-do-governo-para-os-professores-das-federais?utm_source=twitterfeed&utm_medium=twitter

Enviado por luisnassif, seg, 16/07/2012 – 10:41

Por marcos.verissimo

O parecer da ANDES sobre a proposta do governo para os Professores das Universidades Federais

Nassif,

Saiu uma análise do CNG – ANDES (Comando Nacional de Greve da ANDES) sobre a proposta que o governo apresentou aos professores na sexta-feira, 13 de julho. Abaixo, eu faço um resumo pessoal sobre os pontos que vêm sendo comentados e debatidos exaustivamente em fórums em redes sociais. Estas são palavras minhas, e não se deve pensar que este é um pronunciamento oficial da parte dos Professores em greve. Apenas acho importante trazer o debate a público ressaltando pontos que não estão sendo nem mesmo arranhados pelo modo como nossa mídia parcial mostra a greve – isso, quando a mostra.

A proposta apresentada pelo governo está em

http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/noticias/srh/2012/120713_proposta_reestruturacao.pdf

e a análise do CNG – ANDES está em

https://docs.google.com/file/d/0Bzz4VZkJH1bscElSZXhsd1dmNVU/edit

Provavelmente os maiores problemas, em minha opinião, sejam:

1) Apesar de ter diminuído o número de níveis de 17 para 13, o governo fez a coisa de modo que agora leva ainda mais tempo mesmo para doutores atingirem o topo da carreira: o tempo de progressão aumentou de 18 para 24 meses entre um nível e outro, a carga mínima de aulas para que a progressão ocorra aumentou de 8 para 12 horas-aula por semana – de duas matérias, passa-se a ter que lecionar três. Isto diminui o tempo disponível para pesquisa – mas a produtividade de publicações tem que continuar alta, numericamente. Isto, inclusive, vai contra a LDB, onde o mínimo de 8 horas-aula é estipulado. Vejam-se os gráficos em https://dl.dropbox.com/u/28275896/EBTT/AnalisePropostaCarreiraEBTT.htm . No eixo horizontal, temos o tempo em anos, e cada salto na curva representa um degrau galgado na carreira. A linha rosa corresponde à atual carreira, e a linha amarela, ao que ocorrerá caso seja aceita a proposta do governo. Um doutor que levava aproximadamente 11 anos para chegar ao topo da carreira, pela atual proposta do governo leva, portanto, aproximadamente 17 anos.

2) Não há menção de uma data-base para os professores, ponto reivindicado. Isso quer dizer que os professores estarão ainda à mercê da boa-vontade do governo para ter seu salário aumentado, pelo percentual que o governo achar adequado. O último foi 4%, depois de dois anos sem aumento, o que claramente nem chega perto de pensar em cobrir perdas salariais pela inflação.

3) A proposta, como poderão ver, tem pontos que estão muito nebulosos ou sem especificação. Por exemplo, “No regime de dedicação exclusiva poderá ser admitida a percepção de Retribuição por Projetos Institucionais de Pesquisa, Extensão e Gratificação de Atividade de Preceptoria, com recursos próprios (a ser disciplinado pelo MEC no prazo de 180 dias contados a partir da publicação desta Lei).”. Ou seja, o governo quer que se assine um “cheque em branco”.

4) Continua-se a considerar as carreiras de Magistério Superior (MS) e Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (o EBTT no texto da ANDES) como duas carreiras separadas, ainda que as atribuições de ensino, pesquisa e extensão sejam as mesmas nas duas carreiras. Vejam-se as tabelas na página 7 da proposta apresentada

5) Para novos professores, a carreira passa a ser menos atraente: antes, um doutor entrava na carreira como Professor Adjunto, e precisava percorrer 10 níveis para chegar ao topo. Agora, precisa percorrer os 13. Seria justo que um Graduado, um Mestre e um Doutor tenham que galgar o mesmo número de degraus na carreira? O que muda é que um professor com Mestrado, que posteriormente obtenha seu doutorado, levará ainda mais tempo, passando de 10 para 21 anos!

6) Há ainda análises detalhadas sobre o reajuste de salários implicados pela nova proposta: elas dizem que pode haver perdas salariais para a maioria das classes na carreira. A única que teria um real aumento significativo seria a de Titulares. Os problemas são que os Titulares mal chegam a 10% dos atuais professores e, de qualquer modo, conforme consta no item IV (e), na página 2 da nova proposta do governo, “a classe de professor titular será acessível a 20% do quadro de docentes da instituição.”. Ou seja, pela nova proposta do governo, 80% dos docentes não chegarão nunca ao topo da carreira. A análise à qual me refiro, feita por um Professor do Departemento de Matemática da Universidade Federal de Sergipe, pode ser encontrada na página http://professoresemlutaufal.blogspot.com.br/2012/07/governo-propoe-reducao-de.html , entre outras.

Com tudo isto, pode-se preceber que a mídia vem dando informações absolutamente falaciosas e parciais sobre a proposta do governo, dando a impressão que está concedendo 45% para todos os professores, quando os que receberão este percentual (sem descontar as perdas inflacionárias, que o diminuem efetivamente), são apenas os 20% que “chegarem primeiro”. E hoje, estes mal chegam a 10% do total de docentes, quando muito.

É assim que o governo quer estimular que bons cérebros permaneçam na Universidade para formar pessoas em áreas estratégicas para o país, como as Engenharias? Os alunos de Engenharia conseguem propostas muito melhores no mercado – não é à toa que uma boa ênfase das bolsas do Ciência sem Fronteiras são dadas para estas áreas estratégicas.  Está mais fácil e barato ir buscar o que não se tem lá fora, ao invés de pensar em um projeto de Desenvolvimento de Nação a longo prazo que não privilegie somente o monetarismo (o que, claro também é importante mas, provavelmente, não o mais importante). Estrategicamente, acredito que a longo prazo o que está sendo feito é um tiro de bazuca no pé. As Universidades Federais sempre tiveram seus problemas, mas sempre foram uma das referências nacionais, no que toca a qualidade do Ensino Superior no País – as Estaduais de São Paulo e algumas PUCs são outras referências também. Acredito que o plano proposto pelo governo desestimula alunos de áreas estratégicas a continuarem na Universidade Pública para formar bons profissionais em suas áreas de formação originais e, com isso, promove-se um esvaziamento da Universidade Pública no País.

Seria importante que estes dados fossem levados ao conhecimento do grande público pois, do jeito que o governo fez, anunciando o aumento durante a reunião com os sindicatos, e com a mídia anunciando que o governo está dando 45% de aumento como se fosse para toda a categoria, haverá uma idéia errada sobre o que realmente está sendo proposto. Se a proposta for rejeitada nas assembléias locais e a greve continuar, os Professores serão pintados como baderneiros que só querem desestabilizar o governo em ano eleitoral, o que creio que absolutamente não é o caso.

Links agrupados, para facilitar:

Proposta do governo:

http://www.planejamento.gov.br/secretarias/upload/Arquivos/noticias/srh/2012/120713_proposta_reestruturacao.pdf

Análise do CNG – ANDES:

https://docs.google.com/file/d/0Bzz4VZkJH1bscElSZXhsd1dmNVU/edit

Análise preliminar sobre o tempo necessário para chegar ao topo da carreira de Professor com a atual carreira, e com a proposta do governo:

https://dl.dropbox.com/u/28275896/EBTT/AnalisePropostaCarreiraEBTT.htm

Análise sobre perdas salariais reais efetuada pelo Professor Wagner Ferreira Santos, do Departamento de Matemática da Universidade Federal de Sergipe:

http://professoresemlutaufal.blogspot.com.br/2012/07/governo-propoe-reducao-de.html

Nosso Tempo de Carlos Drummond de Andrade

Sugestão de poema encaminhada pelos colegas da Comissão de Comunicação de Diadema:

Nosso Tempo, Carlos Drummond de Andrade
(In A Rosa do Povo)

Este é tempo de partido,
tempo de homens partidos.
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Assembleia Geral dos docentes da Unifesp discute continuidade da greve nesta sexta 06/07/2012

Os docentes da Universidade Federal de São Paulo realizam uma Assembleia Geral nesta sexta-feira (06) com o intuito de discutir a continuidade da greve da categoria.
Os professores reivindicam uma reestruturação que valorize suas carreiras, uma das mais desprestigiadas dentro do serviço público federal. A plenária acontece no Anfiteatro A, do campus São Paulo, a partir das 11 horas.
A greve das universidades federais já dura quase cinquenta dias e paralisa a quase totalidade das instituições em todo o país. Estudantes e servidores técnico-administrativos também deflagraram greves em dezenas de universidades e vem realizando mobilizações em conjunto com os professores. Até o momento o governo federal não apresentou nenhuma proposta concreta aos docentes.
Na última quinta-feira (28), representantes dos docentes, servidores e estudantes da Unifesp, UFABC e UFSCar realizaram uma manifestação em frente a sede do Banco Central, na avenida Paulista, reivindicando abertura imediata das negociações e mudanças na política econômica para uma valorização de fato da educação pública e do serviço público. Manifestações parecidas aconteceram em várias capitais do Brasil, inclusive em Brasília, envolvendo também outras categorias de servidores, muitas em greve.

TV – Greve Nacional Docentes no Entre Aspas

Está disponível para visualização a entrevista realizada no Globo News com representantes da ANDES:

Fonte: http://globotv.globo.com/globo-news/entre-aspas/v/acordo-sobre-greves-em-universidades-brasileiras-segue-sem-solucao/2024203/

 

 

Sugestões de providências durante e depois da greve

Artigo da Subcomissão de Comunicação do Comando de Greve da Unifesp Diadema

 O momento de enfrentar os desafios postos pela decisão democraticamente constituída de deflagrar e sustentar uma greve exige tanto dedicação e esforço quanto cuidados e precauções.

Dedicação e esforço no sentido de

  • compreender o sentido de participar de um processo democrático em plena ebulição ativado pela circunstância de uma greve;
  • constituir um lugar de fala que seja legítimo e esteja ajustado às dimensões públicas e democráticas instauradas pela greve;
  • assimilar a prática de procedimentos que sejam solidários com as necessidades de solucionar e/ou atenuar as dificuldades e os desequilíbrios que a greve revela e contra os quais luta no tecido das relações, institucionais e pessoais;
  • entender que não há possibilidade de estar “fora” da greve;
  • assumir as responsabilidades e os compromissos diante de todos os encaminhamentos elaborados coletivamente;
  • manifestar-se, pois temos todos o poder de expressão garantido em todos os fóruns legítima e democraticamente constituídos.

 

Cuidados e precauções no sentido de

  • nos unirmos no momento em que a necessidade de defender uma educação de qualidade exige nossa intervenção;
  • cultivar e manter relações de respeito, tolerância e colaboração com todos os envolvidos;
  • identificar a necessidade de expressão e participar da constituição do lugar legítimo de sua manifestação;
  • não permitir o agravamento das circunstâncias acarretado por desinformação, boatos e falsificações;
  • nos mantermos bem informados e conscientes de que a situação nova que a greve gera é uma oportunidade para compreender melhor as forças políticas envolvidas no campo da educação;
  • ter clareza de que as soluções dependem sobretudo de ação conjunta colaborativa e esclarecida.

 

Assim será possível preservar as boas relações profissionais e ideológicas que nos unem no verdadeiro espírito universitário que deve reger a construção de uma universidade pública, gratuita e de qualidade para todos.

 

Assembleia Professores EFLCH – 05/07

Caros(as) professores(as),

Convocamos para esta quinta-feira, dia 05/07, às 10h, nossa Assembleia Geral dos Docentes da EFLCH, no campus Guarulhos, sala ainda a definir.

Teremos uma sessão de informes gerais e propomos dois pontos de pauta:

1- Encaminhamentos da Greve Nacional;
2- Situação do campus Guarulhos / pauta local.

Acreditamos que uma ampla discussão a respeito da Greve Nacional, do campus Guarulhos e das questões que nos movem como docentes da EFLCH será fundamental para um avanço democrático e transparente de nossa situação.

Aproveitamos para divulgar o novo blog do movimento docente da UNIFESP, que traz informes atualizados sobre a Greve Nacional, com participação de todos os nossos campi:

Cordialmente,

Comitê de Greve dos docentes da EFLCH